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A Transação Penal é um instrumento utilizado no Direito Penal como forma de evitar o desgaste de um processo criminal nos delitos de “menor potencial ofensivo”, ou seja, menos graves, que não possuem pena de prisão.
Funciona basicamente da seguinte maneira:
o Promotor de Justiça oferece ao acusado a proposta de pagar determinada quantia em dinheiro para instituições ou fundos governamentais ou de realizar serviços comunitários por determinado tempo.
Ao final, o processo é arquivado e não gera antecedentes para fins de reincidência criminal. Isso significa que não há condenação.
É, de fato, uma excelente saída para quem reconhece o erro e não quer ter que passar por todo o procedimento criminal. Entretanto, não é para qualquer acusado. Neste outro artigo falamos mais sobre o assunto! [CLIQUE AQUI PARA LER]
Mas será que sempre vale a pena aceitar a proposta?
A intenção deste texto é demonstrar que nem sempre esse acordo é benéfico para o acusado, devendo sempre ser analisada por um profissional especializado em Direito Criminal.
Existem diversas situações em que o acordo não é a melhor saída, principalmente quando você sabe que é inocente e pode provar isso (é claro que quem acusa é que deve provar, mas, na prática, provar a inocência é a melhor saída).
Sabemos que pode ser difícil visualizar essas hipóteses. Por isso, vou apresentar alguns exemplos práticos que lidamos no dia a dia do escritório.
Certa vez o “Cliente A” compareceu ao nosso escritório contando que estava sendo processado pelo vizinho por perturbação do sossego.
Acontece que essa briga era antiga e ambos registravam Boletins de Ocorrência (BO) um contra o outro por diversos motivos (por som alto, por ofensas, porque um sujava a calçada do outro etc.).
Como haviam diversos registro de ocorrência e possivelmente cada um deles gerasse um procedimento penal, se o Cliente A aceitasse a proposta, ficaria impossibilitado de aceitar nos próximos processos. (você só pode aceitar a transação a cada 05 anos).
Como era improvável que o vizinho conseguisse comprovar o som alto do cliente, optamos por recusar a proposta, demonstrando no processo que era implicância da suposta vítima.
A tese foi aceita e o cliente foi absolvido, inclusive com orientação ao vizinho que acusações falsas poderiam sofrer sanções.
Antes de mais nada, não estou me referindo ao fato de você se declarar inocente, mas de ter um parecer profissional de um advogado que analisou o caso.
O “Cliente B” nos contratou para atuar em sua defesa em um processo de lesões corporais leves. Ele estava sendo acusado de ter agredido um rapaz após uma discussão.
O Sr. “B” chegou ao nosso escritório convencido de que era culpado. pois afirmou realmente ter dado um soco no rosto da vítima e buscava apenas uma orientação de quais seriam as penas que enfrentaria.
Analisando a situação do cliente, inclusive com filmagens que mostravam o fato, descobrimos que na verdade ele atuou em legítima defesa, pois o rapaz foi para cima dele o empurrando, ao que o Sr. “B” se defendeu com um único golpe.
Certos da inocência do cliente, orientamos a não aceitar a proposta. Na audiência, a própria vítima afirmou ter ido para cima do acusado com a intenção de agredi-lo. O resultado foi a absolvição.
Em alguns tipos de crime, é possível que a vítima desista do processo, que acaba sendo arquivado sem analisar se houve ou não o delito. Outros, no entanto, não é possível.
Ocorre que muita das vezes o a distância temporal entre o acontecimento e a audiência no fórum é muito grande, sendo plenamente possível que as partes já tenham se acertado e não querem mais seguir com o processo.
Nesses casos, quando não há provas documentais (vídeos, prints etc.) ou testemunhais (outras pessoas que viram o fato), mas apenas a palavra da vítima, o processo fica totalmente dependente do relato desta.
Assim, caso não haja aceitação da transação e o processo siga, se a vítima não comparecer à audiência o acusado deverá ser absolvido por ausência de provas.
Conclusão
Como visto, a Transação Penal pode ser a saída mais rápida, mas nem sempre é a mais inteligente.
As situações narradas acima demonstram a importância de contar com um profissional experiente, capaz de orientar a melhor saída para cada situação.
Conte sempre com um advogado criminal de sua confiança para lhe ajudar no processo.
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